sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A ESSÊNCIA DO EGO - Queixas e Ressentimentos


Publicado por Selma José em 17 janeiro 2012 às 16:39 em Eckhart Tolle
Queixar-se é uma das estratégias prediletas do ego para se fortalecer. Cada reclamação é uma pequena História e na qual acreditamos inteiramente. Não importa se ela é feita em voz alta ou apenas em pensamento.
Alguns egos que talvez não tenham mais com o que se identificar sobrevivem apenas com queixas. Quando estamos presos a um ego assim, reclamar, sobretudo de alguém, é algo habitual e, é claro inconsciente, o que mostra que não sabemos o que estamos fazendo. Uma atitude típica desse padrão é aplicar rótulos mentais negativos ás pessoas, seja na frente delas ou, como é mais comum, falando sobre elas com alguém ou até mesmo apenas pensando nelas. Xingar é o modo mais rude de atribuir esses rótulos e de mostrar a necessidade que o ego tem de estar certo e triunfar sobre os outros:" idiota", "desgraçado", "prostituta", todas essas afimações definitivas contra as quais não se pode argumentar. No nível seguinte, descendo pela escala da inconsciência, estão os gritos. Não muito abaixo disso se encontra a violência física.
O ressentimento é a emoção que acompanha a queixa e a rotulagem mental dos outros. Ela acrescenta ainda mais energia ao ego. Ressentir-se significa  ficar magoado, melindrado ou ofendido. Costumamos nos sentir assim em relação á cobiça das pessoas, á sua desonestidade, á sua falta de integridade, ao que estão fazendo no presente, ao que fizeram no passado, ao que disseram, ao que deixaram de dizer, á atitude que deviam ou não ter tomado. O ego adora isso. Em vez de de detectarmos a inconsciência nos outros, nós a transformamos em sua identidade. Quem é o responsável por isso ? Nossa própria inconsciência, o ego. Algumas vezes, a "falta" que apontamos em alguém nem mesmo existe.. Ela pode ser um erro total de interpretação, uma projeção feita por uma mente condicionada a ver inimigos e a se considerar sempre certa ou superior. Em outras ocasiões, a falta pode ter ocorrido; contudo, se nos concentrarmos nela, ás vezes excluindo todo o resto, nós a tornamos maior do que é. E dessa maneira fortalecemos em nós mesmos aquilo a que reagimos no outro.
Não reagir ao ego das pessoas é uma das maneiras mais eficazes de não só superarmos nosso próprio ego como também de dissolver o ego humano coletivo. No entanto, só conseguimos nos abster de reagir quando somos capazes de reconhecer o comportamento de alguém como originário do ego, como uma expressão do distúrbio coletivo da espécie humana. Quando compreendemos que não se trata de nada pessoal, a compulsão para reagir desaparece. Não reagindo ao ego, muitas vezes, podemos fazer aflorar a sanidade nos outros, que é a consciência não condicionada em oposiçao á consciência condicionada. Em determinadas ocasiões, talvez precisemos tomar providências práticas para nos proteger de pessoas profundamente inconscientes. Isso é algo que podemos fazer sem torná-las nossas inimigas.
Nossa maior defesa, contudo, é sermos conscientes. Alguém passa a ser um inimigo quando personalizamos a inconsciência que é o ego. A não-reação não é fraqueza, mas força. Outra palavra para a não-reação é perdão. Perdoar é ver além. ou melhor,é exergar através de algo. È ver, através do ego, a sanidade que há em cada ser humano, como sua essência.
O ego adora reclamar e se ressente não só de pessoas como de situações. O que podemos fazer com alguém também podemos fazer com uma circunstância: transformá-la num inimigo. Os pontos implícitos são sempre: isso não deveria estar acontecendo, não quero estar aqui, estou agindo contra minha vontade, o tratamento que estou recebendo é injusto. E, é claro, o maior inimigo do ego acima de tudo isso é o momento presente ou seja, a vida em si.
Não confunda a queixa com a atitude de informar alguém de uma falha ou de uma deficiência para que elas possam ser sanadas. Além disso abster-se de reclamar não corresponde necessáriamente a tolerar algo de má qualidade nem um mau comportamento. Não há interferência do ego quando dizemos ao garçom que a comida está fria e precisa ser aquecida- desde que  nos atenhamos aos fatos, que são sempre neutros.   "Como se atreve a me servir uma sopa fria ?" Isso é se queixar. Nessa situação, existe o "eu" que adora se sentir pessoalmente ofendido pela comida fria e ele aproveitará o fato esse fato ao máximo, um "eu" que aprecia apontar o erro de alguém. A reclamação a que me refiro está a serviço do ego, e não da mudança. Algumas vezes fica óbvio que o ego não deseja que algo se modifique para que possa continuar se queixando.
Veja se você consegue capturar, ou melhor, perceber,a voz da sua cabeça -- talvez no exato instante em que ela esteja reclamando de algo - e reconhecê-la pelo que ela é: a voz do ego, não mais do que um padrão mental condicionado, um pensamento. Sempre que a observar, compreenderá que você não é ela, e sim aquele que tem consciência dela. Na verdade, você é a consciência que está por detrás da voz. Atrás, em segundo plano está a consciência. À frente, se situa a voz, aquele que pensa. Dessa maneira você estará se libertando do ego, livrando-se da mente não observada. No momento em que você se tornar consciente do ego, a rigor ele não será mais o ego, e sim um velho padrão mental condicionado. O ego implica inconsciência.  Ele e a consciência não conseguem coexistir. O velho padrão mental, ou o hábito mental, pode sobreviver e se manifestar por um tempo porque tem o impulso de milhares de anos de inconsciência humana coletiva atrás de si. No entanto, toda vez que é reconhecido, ele enfraquece.
Fonte: Um Novo Mundo - O Despertar de Uma Nova Consciência  -  Eckhart Tolle

Nenhum comentário:

Postar um comentário